Em artigo extremamente ácido, a revista americana critica abertamente a forma como o presidente vem lidando com repercussão de protestos racistas nos EUA
SÃO PAULO – A publicação americana The Economist adotou tom ácido em texto sobre a reação do presidente dos EUA Donald Trump em relação aos protestos com cunho neonazista e supremacista branco que aconteceram na cidade de Charlottesville na semana passada. Em artigo intitulado “Donald Trump não tem ideia do que significa ser presidente”, a revista pontua que mudanças de direção, indulgência e equívocos não são características que fazem um bom líder da Casa Branca.
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Na semana passada, manifestantes usando tochas e com slogans racistas se reuniram na cidade de Charllotesville, Virgínia, para protestar contra os planos de derrubada da estátua de Robert E. Lee, general Confederado, que lutou na guerra civil americana do lado dos estados que defendiam a continuidade do regime de escravidão no século XIX.
Desde a manifestação, o presidente vem deslizando e não consegue se firmar em uma posição firme contra as manifestações racistas, pontua a The Economist. Primeiramente, o político comandou uma entrevista coletiva no sábado (12) em que colocou em patamares semelhantes os manifestantes de Charlottesville e as pessoas que eram contrárias a esse movimento.
Depois, Trump se desdisse e pontuou que era totalmente contra esse tipo de manifestação na última segunda-feira (14) apenas para, na terça-feira (15) voltar atrás mais uma vez. A revista ainda pontua que, ao longo desse processo, o presidente ganhou a antipatia de muitos executivos, o que levou à dissolução dos dois conselhos de empresários inaugurados pelo republicano.
A The Economist também não poupa críticas em relação ao temperamento do presidente. “A raiz de tudo é o temperamento de Trump. Em momentos difíceis, um presidente tem o dever de unir a nação. Trump tentou isso na coletiva de imprensa de segunda-feira, mas não conseguiu sustentar o esforço por 24 horas porque ele não consegue ir além de si mesmo. Um presidente precisa ir além de argumentos para agir de acordo com o interesse da nação. Trump não consegue olhar além do último conflito. Ao invés de entender que seu emprego é sobre honrar o cargo que herdou, Trump está preocupado apenas em honrar a si mesmo e levar crédito por suas supostas conquistas”.
A revista encerra seu texto urgindo os republicanos nas casas legislativas americanas a conter Trump, pontuando que, enquanto muitos seguem apoiando declarações absurdas com focos nas reformas econômicas prometidas pelo presidente e até agora muito longe de serem cumpridas, o ideal seria cortar as declarações dele, que servem “apenas para envenenar a nação”. “Quaisquer ganhos com a reforma econômica – se devem mais ao mercado de ações bombando, às empresas de tecnologia e à fraqueza do dólar do que a ele – virão a um preço inaceitável”.